Francisco Marshall
Em 458 a.C., Ésquilo apresentou, em Atenas, a tragédia Prometeu Prisioneiro, parte de uma trilogia sobre as relações de poder entre Zeus e o titã que o ajudou a conquistar o Olimpo. Prometeu insulta Zeus com seu amor à humanidade e desobediência e é punido com uma tortura estilo Cristo na cruz, preso por grilhões a um rochedo, onde uma águia virá devorar seu fígado. Hefesto, deus metalúrgico, cumpre a contragosto a ordem de agrilhoar Prometeu, vigiado por dois personagens alegóricos, enviados por Zeus: Poder (Krátos) e Violência (Bías). É como o dramaturgo representou a autoridade do pai dos deuses, como uma crítica ao poder violento. Prometeu resiste, e inspira o hino erguido em muitos momentos, inclusive na procissão dos calouros da UFRGS, em Porto Alegre, 1968, ano duro da ditadura militar. “És sempre impiedoso e atrevido”, diz Hefesto ao Poder, refletindo o que pensavam os atenienses sobre o poder concentrado, a que chamavam tirania.
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