Francisco Marshall
O aquário em que vivemos chama-se Estado e tem pouco mais de 5 mil anos. Nascemos nesse elemento, por ele não optamos nem dele temos como nos evadir. Escreve-se Estado com maiúscula para marcar entidade máxima, similar ao que os crentes chamam Deus; ao contrário da crença religiosa, porém, o Estado e os cobradores de impostos não desaparecem ao deixarmos de crer. Grafar minúscula muda o estado da palavra, mas não a força do ente que Thomas Hobbes (1588-1679) chamou Leviatã, o monstro bíblico que dá título a uma das obras mais importantes da filosofia política (1651); sem ver monstro, mas pensando em Deus, Georg W. F. Hegel (1770-1831) viu no Estado a garantia da liberdade, finalidade maior. Por Hobbes e por Hegel, sabemos que o Estado ameaça e liberta, mas quando e como faz um ou outro? Hoje, quando oportunistas crendo-se demiurgos tentam impor sua visão de Estado, reformá-lo ou mesmo eliminá-lo, urge atualizar a questão: afinal, o que é o Estado? Qual sua natureza, para que e para quem serve?
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