Francisco Marshall
Há muitos anos, conheci um médico metido a cientista político que panfletava a tese da "democracia racional". Esse nome bonito, como sói ocorrer, escondia o seu oposto, irracionalidade antidemocrática, com ambição de poder e boa dose de egoísmo social. O sujeito era revoltado com o fato de seu voto, de um "doutor", valer o mesmo que o da sua empregada doméstica. Propunha, como antídoto, o voto qualitativo: o dele valeria mais do que o de sua faxineira. Ela limpa a casa, ele cuida da política, e seus eleitos cuidam de tudo, menos, naturalmente, do destino da faxineira. Quem mandou não ser doutora?
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