
Em um vídeo postado em sua conta na rede social X, sucessora do Twitter, o secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., anunciou na semana passada que as vacinas contra a Covid deixam de ser recomendadas para crianças saudáveis, assim como para as gestantes saudáveis.
— Estamos agora um passo mais perto de concretizar a promessa do presidente Trump de tornar a América saudável novamente —celebrou o secretário (equivalente a ministro da Saúde).
Postado à esquerda de Kennedy, o diretor dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), Jay Bhattacharya, foi direto ao ponto.
—Isso termina hoje —disse ele, referindo-se à recomendação de vacina para estes casos. — É senso comum e é boa ciência.
No mesmo vídeo, à direita de Kennedy, o chefe da Food and Drug Administration (FDA), que exerce papel semelhante ao da Anvisa no Brasil, agregou uma informação elementar sobre a sensatez da medida.
— Não há evidência de que crianças saudáveis precisem disso hoje, e a maioria dos países parou de recomendar [a vacina da Covid] para crianças — assinalou Marty Makary.
Enquanto isso, no Brasil, os pais que não estão convencidos da necessidade e da segurança de submeter suas crianças a substâncias que são alvo de controvérsias científicas têm sido tratados com truculência, como se criminosos fossem. A ameaça de perder a guarda dos seres que mais amam é repulsiva, mas aos poucos foi-se tornando corriqueira em uma cadeia de arbitrariedades inflamada por paixões políticas que flertam com uma visão de Estado absoluto, e com tendência ao controle social imposto, principalmente, por uma casta autointitulada, sem nenhuma razão, “progressista”.
Em outubro de 2021, em Zero Hora, sob o título Tratai por nós, lamentei a interdição do debate sobre a pandemia. Num ambiente histérico em que não se admitia a menor hesitação sobre as pretensas verdades oficiais, quem não se ajoelhasse ao consenso era rotulado de “negacionista”. Viu-se, nos anos seguintes, tais certezas dogmaticamente construídas serem sucessivamente derrubadas por estudos que não eram inéditos — apenas foram menosprezados na pauta de grandes veículos de comunicação. Se negacionismo houve, foi o de negar-se a dúvida e o debate livre como bases da ciência — e do bom jornalismo.
Um brinde ao dissenso.