
A 40ª edição da Maratona Internacional de Porto Alegre já entrou para a história antes mesmo da largada. As vagas foram esgotadas mais de um mês antes da prova. Foram 25 mil corredores inscritos nas quatro distâncias da programação: os 42km do domingo, 8 de junho, e os 21km, 10km e 5km do sábado, 7 de junho.
Esse número não é apenas um marco esportivo. Ele dá a exata noção do tamanho que o evento atingiu e por que precisa ser visto por toda a comunidade como algo muito maior do que “apenas” uma prova de corrida de rua.
Para se ter uma ideia da dimensão disso, basta comparar com a população dos municípios do Rio Grande do Sul. O estado tem 497 cidades. E 410 delas (mais de 82%) têm menos de 25 mil habitantes. Se fosse uma cidade gaúcha, a Maratona de Porto Alegre estaria entre as 90 mais populosas do Estado.
E é exatamente essa mobilização que precisa ser entendida em outra perspectiva. Porque esse volume de gente não afeta só a corrida, afeta a cidade.
Mais de 50% dos corredores vêm de fora do Rio Grande do Sul. Isso significa hotelaria cheia. Restaurantes movimentados. Aplicativos e táxis com demanda elevada. Comércio aquecido. Um fluxo intenso de pessoas circulando pelos bairros próximos à largada, no Barra Shopping Sul, na retirada dos kits, e depois espalhadas por diferentes pontos de Porto Alegre.
Ou seja: é como se a maratona esvaziasse e colocasse em movimento municípios inteiros como Nova Prata, São José do Norte, Três Passos, Guaporé e Taquari, todos com populações entre 25 e 26 mil habitantes.
Novo patamar
Essa comparação, ou metáfora, serve para dar a real dimensão do que estamos vivendo. Estamos falando de turismo. De economia girando. De oportunidades que precisam ser percebidas, exploradas e bem acolhidas.
E é aqui que a Maratona de Porto Alegre entra num novo patamar. Em 2025, ela mostrou que não é mais só um evento esportivo. É um evento que pode transformar setores da cidade. É uma vitrine para mostrar o que Porto Alegre tem de melhor. E é, acima de tudo, uma responsabilidade coletiva.
Porque o futuro da maratona, e do que ela pode representar para a cidade, não depende só de quem corre. Nem só de quem organiza. Depende, principalmente, de quem orbita ao redor desse movimento.
Hotéis, bares, restaurantes, lojas, serviços… todos podem se beneficiar se entenderem que há um exército de 25 mil pessoas (fora os acompanhantes!) chegando à cidade em busca de uma experiência. E quem oferecer essa experiência vai ganhar. Vai crescer junto.
Se continuar nesse ritmo, não vai demorar para Porto Alegre entrar no circuito das grandes maratonas do mundo e talvez precise, no futuro, até sortear inscrições, como acontece nas principais provas.
Mas, para isso, a cidade inteira precisa correr junto. Não no asfalto, mas na forma de acolher, de receber, de criar alternativas, de mostrar que quem escolheu Porto Alegre para correr fez uma ótima escolha também para viver uma grande experiência.
A maratona está gigante, mas ainda tem muito potencial de aumentar. E o crescimento dela pode — e deve — puxar junto o crescimento da cidade.