
Correr uma maratona já é, por si só, um desafio gigante. Agora imagina correr uma meia no sábado… e uma maratona no domingo. Sim, é isso mesmo: 63 quilômetros em menos de 24 horas. Esse é o Desafio do Gaúcho — e esse é o desafio que eu resolvi encarar pela primeira vez.
A ideia surgiu quando percebi que essa seria uma edição especial da prova. A 40ª. Uma data simbólica. Um marco. E, sinceramente, eu queria viver essa maratona de um jeito diferente. Não só pela distância, mas pela experiência completa. Participar de tudo. Estar presente. Sentir o clima, a festa, a energia.
Desde 2023, quando a organização da Maratona Internacional de Porto Alegre desmembrou o evento em dois dias, surgiu essa possibilidade: correr 21km no sábado e 42km no domingo. Quem topa ganha três medalhas. Uma por cada prova e uma exclusiva por completar o desafio. Mas o que se ganha mesmo vai além do metal pendurado no peito. O que se ganha é história pra contar.
E foi por isso que topei. Não estou treinando para bater recorde. Não estou buscando meu melhor tempo. Estou buscando algo mais: um momento marcante, uma memória única, um desafio diferente.
Só que aceitar o desafio é uma coisa. Encarar o processo até lá é outra. E é aqui que entra o segundo ponto dessa coluna: os imprevistos do caminho.
O ciclo vinha encaixado. Treinos em dia. Planilha sendo cumprida. Corpo respondendo. Tudo no ritmo. Até que… veio a chuva. O frio. O vento. E, junto com tudo isso, uma dorzinha de garganta que virou resfriado. Daquelas horas em que o corpo avisa: calma. Dá um tempo.
Foi aí que veio o maior dilema da semana: treinar mesmo assim ou me preservar? Eu escolhi parar. Escolhi descansar. Escolhi cuidar do que realmente importa nessa reta final: saúde. Porque no ciclo da maratona, às vezes, o treino mais importante é aquele que a gente decide não fazer.
Não é fácil. A cabeça cobra. A disciplina pesa. A culpa aparece. Mas é preciso entender que o corpo fala e escutar é parte da evolução também. Nessas horas, não se trata de desistir. Se trata de confiar. Confiar em tudo que já foi feito. Confiar que dois treinos a menos não derrubam uma preparação inteira. Confiar que, às vezes, o melhor passo pra frente é ficar onde está e se recuperar.
Agora, é seguir cuidando. Alimentação no capricho. Hidratação no certinha. Sono em dia. Porque dia 7 e 8 de junho vêm aí. E, com eles, a oportunidade de viver algo que eu nunca vivi. Não é sobre performance. É sobre presença. É sobre correr e curtir cada metro desse desafio que vai ficar na minha memória.