
A estreia da Seleção Brasileira na Copa da Rússia foi marcada por polêmicas de arbitragem. Dois lances capitais geraram muita reclamação no empate em 1 a 1 contra a Suíça, neste domingo (17), na Arena Rostov, pela primeira rodada do Grupo E.
O primeiro lance discutível foi o gol de empate da Suíça. Os brasileiros reclamaram que Zuber cometeu falta em Miranda. O jogador suíço coloca a mão nas costas do zagueiro brasileiro antes da finalização, mas sem intensidade para caracterizar a infração. Imagine o contrário. Você apitaria pênalti se Miranda tivesse colocado a mão nas costas do adversário da mesma forma que foi tocado? Eu não marcaria em hipótese alguma por entender que se trata de um contato de jogo.
A outra polêmica foi um pênalti reclamado em cima de Gabriel Jesus. Mais uma vez concordo com a interpretação do árbitro mexicano César Ramos. O defensor da Suíça usa o braço esquerdo, mas o atacante brasileiro joga o corpo para trás ao sentir o contato. Gabriel Jesus desistiu do lance para reclamar um pênalti que não ocorreu.
Em nenhum dos casos houve interferência do árbitro assistente de vídeo. Isso não significa dizer que os lances não tenham sido avaliados. Esse é um ponto importante que ainda vai causar muita discussão ao longo da Copa. Nem sempre o juiz principal receberá a recomendação para revisar as jogadas polêmicas no monitor à beira do gramado. O protocolo da Fifa diz que o recurso eletrônico serve para evitar erros claros de arbitragem. Isso não tira completamente as coisas do campo da subjetividade, até porque essa definição está longe de ser exata. Sempre haverá margem para interpretação.
Nos primeiros quatro dias de Mundial, essas não foram as únicas polêmicas. Na sexta-feira, o juiz italiano Gianluca Rocchi deixou de marcar falta de Diego Costa em Pepe na origem da jogada do primeiro gol da Espanha no empate em 3 a 3 contra Portugal. Ele também não levou em consideração a possibilidade de revisar a jogada no monitor.
Por outro lado, a tecnologia também teve seus momentos de importância indiscutível no final de semana. A França derrotou a Austrália por 2 a 1 graças a dois gols eletrônicos. O pênalti em cima de Griezmann foi marcado só depois que o uruguaio Andrés Cunha recebeu a recomendação do árbitro de vídeo para revisar a jogada no monitor. Já o segundo gol foi validado somente por conta da utilização da tecnologia na linha do gol. Se esse jogo tivesse ocorrido na Copa de 2010, os franceses teriam sido derrotados por 1 a 0 e estariam até agora reclamando dos erros do apito.
O mesmo vale para o pênalti marcado para o Peru na partida contra a Dinamarca. O detalhe é que Cueva desperdiçou a cobrança e os sul-americanos perderam por 1 a 0. Não fosse pelo árbitro de vídeo, os peruanos estariam colocando a culpa da derrota na arbitragem. Acabaram tendo que procurar outro motivo.
Também houve interferência positiva do árbitro de vídeo por uma questão disciplinar. No jogo entre Sérvia e Costa Rica, o senegalês Malang Diedhiou contou com o auxílio do monitor para avaliar a aplicação de cartão vermelho para um jogador do time europeu. Após rever lance em que Prijovic acerta o rosto do adversário com a mão, o árbitro optou por mostrar o amarelo ao atacante sérvio.
Em resumo, duas coisas previstas quando da implementação do árbitro de vídeo estão sendo provadas na Copa. A primeira delas é que o funcionamento do recurso eletrônico levará tempo para assimilado e aceito. A segunda é que ele não acabará com as polêmicas de arbitragem.