David Coimbra
Já namorei por carta. Você consegue imaginar uma coisa dessas? Tinha lá em casa um bloco com papéis de carta, são folhas bem fininhas, quase translúcidas. Escrevia numa daquelas folhas. Dobrava. Acomodava dentro do envelope. Hesitava um pouco na hora de lamber as bordas para fechar – sempre achei isso pouco higiênico. Depois, precisava lamber também o selo, o que talvez seja ainda mais insalubre, fixá-lo no envelope, escrever meu nome e endereço e o nome e o endereço da moça para quem seria enviada a melosa missiva. Por fim, levava o envelope ao correio, despachava e ficava esperando que a amada recebesse e respondesse.
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre:
- david coimbra
- colunistas