
Eram passados dois minutos de jogo quando uma lateral duvidosa no campo defensivo do Grêmio fez todo o banco colorado ir em direção ao quarto árbitro. Quem estava no estádio ficou sem entender o motivo de tamanha indignação em um lance que ninguém encarou como polêmico.
Um espetáculo teatral é uma ação organizada com doses de poesia e ficção, mas sempre tem um objetivo. A mensagem é um recado. No futebol, esse tipo de ação visa controlar as narrativas e condicionar o que não estiver literalmente do seu lado.
O jogo foi passando até que João Pedro venceu Fernando na corrida e o volante, caindo, puxou a camisa do gremista e evitou um ataque promissor. Nenhum jogador tricolor foi veemente na reclamação.
No lance seguinte, em uma falta de Dodi em Wesley, que teve sequência em favor do Inter, mais uma vez, o banco de reservas comandado por Roger quase invadiu o campo pedindo o cartão amarelo para o jogador do Grêmio. Neste lance, inclusive, o assistente do treinador foi expulso pelo árbitro.
Ao final da partida, curiosamente, o vice presidente de futebol Olavo Bisol deu uma entrevista patética que acusou até os patrocinadores da competição por supostas narrativas contra o Inter. O técnico Roger Machado, na coletiva, seguiu no mesmo tom, completando a noite teatral bem ensaiada, mesmo diante de um cenário que todos notaram que se tratava de uma interpretação combinada.
Talvez o teatro pós-jogo tenha sido para tirar o foco em mais uma ação agressiva da torcida do Inter, que jogou um sinalizador contra torcedores do Grêmio, e que teria atingido a uma criança no setor gramado do estádio. Pixações, ainda no início do dia, organizadas contra os muros da Arena também geraram conflito, e pedras, que causaram danos a carros de gremistas, foram arremessadas dos ônibus do comboio da torcida do rival, mas estes “atos” não parecem ter sido ensaiados ou fizeram parte do grande teatro colorado do sábado.
O Campeonato Gaúcho, tristemente, saiu do campo de jogo, dominou linhas perigosas e que precisam ser contidas com urgência. A procuradoria da FGF deve ter visto o que aconteceu na Arena e tem completa independência, não fazendo parte do grupo de atores treinados que o Internacional apresentou no último sábado. Isso, por óbvio, deve determinar punições severas a torcida e ao estádio Beira Rio ainda neste campeonato.
O Grêmio, por sua vez, se preparou para uma partida de futebol e deve seguir neste tom. O time de Gustavo Quinteros precisa receber reforços nesta semana e estar mais forte para os confrontos finais da competição. E se precisar fazer teatro, que chame algum profissional para isso e não permita que os seus dirigentes, também amadores neste ponto, participem desta peça.
Júlio Conte, lenda do teatro gaúcho e gremista de todos os costados, seria uma boa ideia. O criador de “Bailei na Curva” faria um espetáculo mais real e com um roteiro mais criativo. Conti, com certeza, conseguiria atingir mentes além da quinta série, algo que os atores colorados não conseguiram fazer no 1 a 1 da Arena.
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