
O Inter não conseguiu ganhar do Galo em casa, com um a mais em campo, no domingo de Finados (2). Não ressuscitou. Talvez os três pontos apenas venham com dois a mais, tamanha a falta de ofensividade, de conversão.
Se não há pênalti a nosso favor, o gol é um item raro. A equipe se mostra engessada, truncada, sem mecânica de distribuição de bola. Os laterais se veem, na maior parte das vezes, encurralados.
A sete rodadas do fim do Brasileirão, a cinco pontos da zona de rebaixamento, o clube colorado coloca seu torcedor de volta ao trauma de 2016, ano fatídico do descenso. Reabre a cicatriz e nos põe a sangrar a conta-gotas pela redenção de uma temporada especialmente pessimista.
Assim como naquele campeonato, retornamos a um duelo com o Vitória tendo a obrigação de vencer ou, na pior das hipóteses, empatar com um rival direto do Z4.
É um assunto impossível de lembrar sem que ofereça, de carona, um calafrio na espinha. O Inter perdeu por 1 a 0 no Beira-Rio, na estreia de Argel, seu ex-técnico, na casamata do Leão da Barra.
No confronto, o adversário baiano trocou de lugar com o Inter, emergindo do pelotão dos desclassificados.
Eu estava na arquibancada e abandonei a Padre Cacique impregnado de desolação. Não fui capaz sequer de reagir, ficar bravo, xingar. O veneno da desvalia entrou na corrente sanguínea, num momento em que não restava esperança: o mesmo do mesmo, modorrento e inóspito.
Aos 56 segundos do segundo tempo, levamos o golpe fatal, em finalização do zagueiro Kanu, após receber passe de Zé Love. O lance se encontra gravado na memória, congelado. Depois disso, foi aquele deus me acuda costumeiro e ineficaz, com chuveirinho desesperado na área (inúteis 31 cruzamentos).
Se o Inter for derrotado pelo Vitória na quarta-feira (5), estará a uma partida da degola, no estertor da competição.
Para agravar o estado de espírito, o jogo é fora, no Barradão, sem o apoio da torcida – esse respirador artificial de uma instituição na UTI.
Quando a fase não é boa, as recordações ruins se tornam pressentimentos, agouros.
Tudo indica que o time não vai cair, apesar de um eventual novo fracasso. Depende, no entanto, de triunfos em Porto Alegre, contra Bahia, Santos e Bragantino. O que não é certo. São nove pontos que parecem fáceis, que resultariam na meta de 45, mas que podem escapar pelo emocional abalado.
Não dá para arriscar. Não dá para se sujeitar à matemática. Tampouco se acomodar em qualquer vantagem. O Inter não é mais favorito nem em casa.
O plantel daquela época, como agora, teoricamente não era para a Segunda Divisão. Tinha Danilo Fernandes, Rodrigo Dourado, Eduardo Sasha, Valdívia, Alex, Nico López e Vitinho, artilheiro isolado do grupo. E também havia faturado o Gauchão, com a tranquilidade ilusória de quem acreditava trilhar um caminho seguro.
Em que confiar? Na repetição do passado ou na quebra da maldição?





