
Os idosos acabam sendo as principais vítimas de golpes — é de notório saber.
Um deles é a fraude do cartão de crédito: o golpista envia um SMS com alertas de compras de valor alto ou de que o cartão foi clonado. O titular se assusta, responde, informa dados sigilosos, e o estelionatário começa a efetuar compras indiscriminadamente. Outros truques tradicionais são o falso gerente de banco, avisando de um saque, e o pedido de Pix por WhatsApp, com a troca da foto, do nome e da descrição do contato para imitar um familiar.
Também penam com os descontos indevidos, como vimos no escândalo do INSS, em que sindicatos e entidades associativas debitaram, sem autorização, valores no contracheque de aposentados e pensionistas — num rombo que abrange aproximadamente R$ 6,3 bilhões.
É ainda a faixa etária que mais gasta com remédios. A farmácia se equipara ao supermercado. Passa-se a fazer rancho no balcão. Os medicamentos formam o setor que mais arcou com aumento.
Como os idosos estão com a carreira encerrada, têm menos acesso a fontes complementares de renda.
Se não conseguem cobrir as contas do mês, recorrem a empréstimos que comprometem, pouco a pouco, seu vencimento, a ponto de exclusivamente pagar juros.
Com o isolamento da pandemia e da enchente, a incomunicabilidade financeira apenas se agravou.
Nem todos podem contar com o amparo dos filhos. Pelo contrário: muitos se revelam o pilar e a única renda fixa da família. São vistos como fiadores para parentes, assumem responsabilidades por terceiros e chegam a perder seus imóveis.
Se o contracheque apresenta um salário mínimo, esse montante jamais acompanhará o ritmo da inflação — 70% dos nossos aposentados ganham somente um salário mínimo!
Em 2025, os benefícios acima do piso foram reajustados em 4,77%, segundo o INPC, enquanto a inflação acumulada (IPCA) atingiu 5,17%. A correção sempre fica atrás.
Qualquer despesa médica sobressalente no mês aprofunda o achatamento monetário. Os gastos com saúde ocupam 49% das despesas. É duro sobrar algo para a conta da luz.
Sete em cada dez idosos não consideram que o dinheiro de sua trajetória inteira é suficiente para sobreviver.
Isso gerou a necessidade de repensar formas de acolhimento e incentivos para a Melhor Idade no Rio Grande do Sul. Ou esse termo vai parecer ironia.
Segundo levantamento da Serasa, o número de pessoas inadimplentes com mais de 60 anos cresceu 26,3% em cinco anos no Estado, constituindo o segmento etário com o maior volume de pendências entre todos.
De 603.490 endividados em 2020, saltamos para 762.236 em 2025.
Não há como obter qualidade de vida com preocupações diárias sobre como se sustentar.
Aqueles que atravessaram sua história produtiva economizando agora se encontram mendigando atenção ao fim das atividades. Não receberam conforto, estabilidade, segurança.
Não existe cenário mais desolador para o nosso futuro. Trata-se do presente do nosso futuro.
Nem é questão de compaixão, é caso de justiça.






