Carlos Gerbase
Os romances de base histórica não servem apenas para compreender melhor o passado, acrescentando emoção aos relatos acadêmicos. Eles ajudam também a interpretar os dias atuais, comparando os sentimentos dos seres humanos ao longo do tempo: o que mudou e o que permanece após longos períodos de interação entre a natureza e a cultura? Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar, é considerada por muitos a melhor ficção já escrita sobre as relações humanas (e políticas) no império romano. Adriano nasceu no primeiro século da era cristã e sua trajetória, romanceada com genialidade por Yourcenar, está diretamente ligada ao que hoje chamamos de Humanismo. Erico Verissimo, Josué Guimarães, Luiz Antonio de Assis Brasil e Tabajara Ruas, para citar apenas nossos romancistas mais canônicos, ajudam a desvendar o Gauchismo, que em priscas eras foi semeado nos pampas e vicejou nas cidades (para o bem e para o mal). Muitas vezes escritas em primeira pessoa, suas obras nos fazem ver o mundo com os olhos de personagens com quem não podemos esbarrar na esquina.