
Se na investigação de tentativa de golpe o ex-presidente Jair Bolsonaro disse que buscava soluções dentro das quatro linhas para permanecer no poder, imagino que dirá o mesmo ao justificar a tentativa de mudar a lei da ficha limpa.
O objetivo da proposta é somente um: permitir que Jair Bolsonaro dispute a eleição de 2026. Ele mesmo disse em entrevista à Rádio Gaúcha em dezembro passado que era o plano A, plano B e plano C para ser candidato à presidência no ano que vem.
É lógico que havia um projeto, que foi apresentado pelo deputado Bibo Nunes (PL-RS) semanas depois. A ideia é diminuir a pena de políticos inelegíveis dos atuais oito para dois anos.
Conversamos nesta quarta-feira (5) no Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha com o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello. Ele afirmou que a lei não mudaria de forma retroativa. Seria necessário analisar o caso específico.
Marco Aurélio diz que o cidadão precisa “pensar no Brasil sonhado”, se referindo à aprovação da lei anos atrás, como antídoto contra a corrupção.
— Houve um avanço no campo social, que foi aplaudido por todos — analisou.
De fato, houve manifestações populares e abaixo-assinado para que a lei fosse aprovada. Muitos hoje se calam diante da chance de abrandar uma norma que já foi comemorada.