
A versão de Manuela Dias para o texto de Vale Tudo, eternizado por Gilberto Braga (1945 — 2021), Aguinaldo Silva e Leonor Bassères (1926 — 2004), apresenta altos e baixos, gera memes e críticas ácidas diariamente nas redes sociais, mas, sim, vai deixar saudade na TV aberta após a exibição de seu capítulo final nesta sexta-feira (17).
Aliás, a minha saudade começou no dia 6 de outubro, quando a suposta morte de Odete Roitman foi ao ar na Globo. A interpretação avassaladora de Deborah Bloch faz falta em todos os capítulos desde então, com suas falas controversas, mas ricas em ironia, sarcasmo e inteligência. Paradoxalmente, o talento da atriz atingiu o feito de tornar a vilã carismática aos olhos dos noveleiros, apesar de ter cometido atrocidades durante a trama. Não à toa, boa parte do público torce para que Odete apareça vivíssima no último capítulo.

Também sentirei falta das traquinagens de César (Cauã Reymond) e Olavinho (Ricardo Teodoro) na faixa das 21h. A baita parceria dos atores rendeu muito mais do que alívio cômico a Vale Tudo, se transformou em molho para a história. Se no roteiro original Olavo era um mero coadjuvante, no remake, o trambiqueiro ganhou protagonismo e pode estar envolvido no assassinato de Odete (ou na simulação dele).
Mérito
Porém, o maior mérito da releitura é a retomada da mobilização do público diante de uma novela; para falar bem ou mal do folhetim, o hábito de assistir aos capítulos, em tempo real, foi reativado. As pessoas voltaram a comentar sobre novela nas rodas de conversas, com a família e nas redes sociais. Aqui, não julgo o mérito do texto reescrito, mas a comoção que, mais uma vez na história da teledramaturgia, ele gera nos brasileiros.
Comentar os capítulos com a minha mãe e meus amigos no WhatsApp é algo religiosamente feito. Não nego, estava com saudade dessa rotina de noveleira real, resgatada por Vale Tudo.
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