
Dois papéis complexos e de destaque em Vale Tudo foram, recentemente, alvo de duas "notas zero" na coluna de TV do jornal O Globo. O cenário de descontentamento da crítica especializada em relação às atuações de Bella Campos e Paolla Oliveira — respectivamente, as intérpretes de Maria de Fátima e Helena Roitman na novela das nove — não é consenso, mas causa barulho nos bastidores e mexe com o público, que duela nas redes sociais para exaltar ou detonar a trama e o elenco.
Segundo a publicação carioca, Bella "zerou" ao ser classificada como "inconsistente" na pele da vilã; já Paolla desagradou por conta do "gestual exagerado" de Heleninha.
"Faz parte!"
Bella não se manifestou publicamente, mas a atriz Luana Piovani saiu em sua defesa, assim como a autora do remake, Manuela Dias. Paolla, em tom bem-humorado, publicou um vídeo no Instagram em que rebate a "nota zero":
— Eu tinha esquecido que tinha isso de dar nota ainda pro nosso trabalho. Pois tem! E, às vezes, é isso mesmo que acontece, sabe? A gente se entrega muito, se entrega mesmo! Mergulha fundo, estuda, se desafia. Acredita! E ainda assim não chega em todo mundo do jeito que a gente gostaria, sabe? Faz parte!
Releitura
Me parece que parte da imprensa especializada aponta para o trabalho das atrizes tão negativamente por tecer comparações com a versão de Vale Tudo exibida originalmente em 1988. E aqui mora o principal equívoco: é injusto comparar as atuações das donas dos papéis na primeira exibição, Gloria Pires, como Fátima, e Renata Sorrah, como Heleninha, às atrizes que, agora, dão vida a essas personagens. E aqui, não estou avaliando talentos.
Apenas por entender que, em 2025, teremos uma abordagem diferente de um texto escrito em 1988; logo, as atuações também são dignas de novos olhares, pensados a partir de sensibilidade e técnica das atrizes, conjuntamente com a autora e a direção da trama.
Se alguém deseja ver as mesmas Maria de Fátima e Heleninha de 1988, basta assistir à reprise disponível no Globoplay. Porém, para quem se dedica ao remake, é, no mínimo, curioso deparar com as construções atuais das intérpretes Bella e Paolla. Gosto do jeito mais solto de Maria de Fátima, bem cínica mesmo, mas adoraria perceber nela uma nota a mais de amargura, assim como tenho apreciado a desenvoltura de uma Helena mais sensual, embora acredite que poderia ser uma mulher um tantinho mais madura.
Ou seja, como noveleira e colunista de entretenimento, tenho, sim, minhas críticas às interpretações de Bella e Paolla, mas daí a creditar um contundente zero a ambas, já acho exagero.