
Prefeito em exercício de Montenegro, a cidade gaúcha do Vale do Caí onde foi detectado o primeiro caso de influenza aviária em granjas comerciais do Brasil, Cristiano Braatz detalhou, na manhã desta sexta-feira (16), as primeiras medidas tomadas diante da emergência zoossanitária.
— Estamos seguindo todos os protocolos do Ministério da Agricultura e da Secretaria da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul. A área está isolada e será feito atendimento em propriedades em um raio de 10 quilômetros — afirmou Braatz.
Ainda de acordo com o prefeito em exercício, o nome e a localização da propriedade onde foi detectado o caso não estão sendo divulgados por se tratar, segundo ele, de "assunto interno":
— É uma assunto interno para o bom andamento dos trabalhos. É uma questão puramente técnica. Não podemos agora dar esta informação para não causar nenhum tipo de transtorno para os trabalhos que estão sendo feitos e ainda serão serão desenvolvidos nos próximos dias.
Braatz afirmou que a prefeitura de Montenegro ficou sabendo do caso entre 23h e meia-noite de quinta-feira (15), e que, na manhã desta sexta, já se reuniu com técnicos do Estado para definir protocolos a serem adotados. O prefeito ressaltou que se trata se protocolos já existentes, e que as formas de execução serão debatidas em uma reunião na Câmara de Vereadores no início da tarde:
— Os técnicos nos pediram que possamos auxiliar em aspectos de logística necessária para que eles desenvolvam o trabalho. Virão para o município aproximadamente 50 pessoas que farão toda a parte técnica na área atingida, para evitar a proliferação a outras granjas, outros aviarios. Nós daremos apenas o suporte com as nossas áreas Vigilância Sanitária, Saude e Secretaria de Desenvolvimento Rural.
Estado de emergência
O Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou nesta sexta-feira (16) a detecção de um caso de influenza aviária em aves comerciais do Estado. Trata-se do primeiro caso encontrado em granjas comerciais do Brasil. Em razão disso, foi decretado estado de emergência zoossanitária por 60 dias.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que foi encontrado inicialmente a doença em 35 animais de uma granja de Montenegro.
O governo alerta que não existe risco de transmissão da doença pelo consumo da carne ou de ovos, mas traz importante impacto financeiro para o Rio Grande do Sul.
A Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do detalhou as medidas que estão sendo tomadas neste momento:
- Isolamento da área em Montenegro
- Eliminação das aves restantes, para que seja iniciado o protocolo de saneamento da granja
- Investigação complementar em raio inicial de 10 quilômetros da área de ocorrência do foco e de possíveis vínculos com outras propriedades.
Nota oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária
"O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou nesta quinta-feira (15) a detecção do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em matrizeiro de aves comerciais. A detecção ocorreu no estado do Rio Grande do Sul, no município de Montenegro.
Esse é o primeiro foco de IAAP detectado em sistema de avicultura comercial no Brasil. Desde 2006, ocorre a circulação do vírus, principalmente na Ásia, África e no norte da Europa.
O Mapa alerta que a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves nem de ovos. A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo. O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas).
As medidas de contenção e erradicação do foco previstas no plano nacional de contingência já foram iniciadas e visam não somente debelar a doença, mas também manter a capacidade produtiva do setor, garantindo o abastecimento e, assim, a segurança alimentar da população.
O Mapa também está realizando a comunicação oficial aos entes das cadeias produtivas envolvidas, à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), aos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente, bem como aos parceiros comerciais do Brasil.
O Serviço Veterinário brasileiro vem sendo treinado e equipado para o enfrentamento dessa doença desde a primeira década dos anos 2000.
Ao longo desses anos, para prevenir a entrada dessa doença no sistema de avicultura comercial brasileiro, várias ações vêm sendo adotadas, como o monitoramento de aves silvestres, a vigilância epidemiológica na avicultura comercial e de subsistência, o treinamento constante de técnicos dos serviços veterinários oficiais e privados, ações de educação sanitária e a implementação de atividades de vigilância nos pontos de entrada de animais e seus produtos no Brasil.
Tais medidas foram cruciais e se mostraram efetivas e eficientes para postergar a entrada da enfermidade na avicultura comercial brasileira ao longo desses quase 20 anos."
O que diz a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do RS
O Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal (DDA), da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), atendeu a suspeita de síndrome respiratória e nervosa de aves, no dia 12 de maio, em estabelecimento avícola de reprodução, em Montenegro. As amostras foram coletadas e encaminhadas ao Laboratório Federal de Diagnóstico Agropecuário, em Campinas (SP), que confirmou o diagnóstico de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) nesta sexta-feira (16/5).
Com a confirmação do foco, o Serviço Veterinário Oficial do RS (SVO-RS) desencadeou as ações previstas no Plano Nacional de Contingência de Influenza Aviária, com isolamento da área em Montenegro e eliminação das aves restantes, para que seja iniciado o protocolo de saneamento da granja. Será conduzida investigação complementar em raio inicial de 10 km da área de ocorrência do foco, e de possíveis vínculos com outras propriedades. A mortalidade de aves no Zoológico de Sapucaia do Sul, que está fechado para visitação, também foi atendida e a Seapi aguarda o resultado do sequenciamento.
O SVO-RS reforça que o consumo de carne de aves e ovos armazenados em casa ou em pontos de venda é seguro, já que a doença não é transmitida por meio do consumo. A população pode se manter segura, não havendo qualquer restrição ao seu consumo.