Por Fernanda Vaz Dorneles, enfermeira, técnica da Equipe de Vigilância de Doenças Transmissíveis da prefeitura de Porto Alegre
Porto Alegre se destaca por viver uma epidemia generalizada de HIV/aids, indicando que a transmissão ocorre na população em geral, não se limitando a grupos específicos ou vulneráveis. Para melhorar o cenário epidemiológico da Capital, são realizadas ações de descentralização do diagnóstico, manejo clínico e acompanhamento do HIV na atenção primária à saúde. A Capital também realiza ações extramuros, oportunizando que populações com maior vulnerabilidade para o HIV tenham acesso ao diagnóstico e atingindo um público não alcançado pelos serviços de saúde.
Além disso, o município conta com iniciativas vinculadas ao Ministério da Saúde, como o projeto A Hora é Agora. A ideia é ampliar o acesso à testagem e ao tratamento imediato para o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, ofertar profilaxia pós-exposição ao HIV (PEP) e profilaxia pré-exposição (PrEP) e conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do autocuidado. Além disso, oferta tratamento antirretroviral delivery, que é a entrega de medicamentos em casa pelos Correios às pessoas vivendo com HIV que estão com carga viral indetectável e realizam acompanhamento regular. As pessoas que querem realizar testagem rápida em casa podem solicitar o autoteste de HIV na plataforma digital chamada Armário Digital.
A ideia é ampliar o acesso à testagem e ao tratamento imediato para o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis
Pelo Projeto Aids Healthcare Foundation (AHF), foram implantados três ambulatórios de retenção e vinculação de pacientes que vivem com o vírus, com o objetivo de identificar pessoas que estão em abandono de tratamento e retomar o vínculo novamente. Já o Circuito de Aids Avançada é uma estratégia de reorganização da linha de cuidado de pessoas que apresentam a doença em estágio avançado. O projeto-piloto está acontecendo em Porto Alegre devido às elevadas taxas do município e oportuniza que pacientes que são casos de aids possam ser testados para infecções oportunistas no mesmo momento do atendimento, na tentativa de evitar o óbito.
Soma-se a isso o fato de que Porto Alegre foi pioneira na implantação do Comitê de Mortalidade por Aids no país, em 2011, que, em 10 anos de atuação, reduziu em 30% o coeficiente de óbitos por aids, e também possui um comitê com foco na prevenção e na eliminação da transmissão vertical do HIV desde 2013.
Porto Alegre vem apresentando taxa de transmissão vertical de HIV compatível com eliminação desde 2021. Isso porque o indicador “proporção anual de crianças infectadas pelo HIV entre as crianças expostas ao HIV, da rede pública e privada” tem permanecido abaixo de 2, isso é considerado critério para que o município seja elegível ao processo de certificação em eliminação da transmissão vertical.