A falta de frio no inverno, aliada à baixa quantidade de chuvas, favorece a produtividade e a sanidade dos morangos cultivados na Serra Gaúcha. Com menos chuvas, as plantas ficam menos sujeitas ao ataque de fungos. O calor fora de época leva à brotação de mais flores. Com isso, a oferta no mercado aumenta e a fruta fica mais em conta para o consumidor final.
A projeção da Emater Serra para produção neste ano é de até 18 mil toneladas. A média anual fica entre 13 mil e 14 mil toneladas na região, que abrange 358 propriedades em 49 municípios.
Conforme o agrônomo Ênio Todeschini, da Emater Serra, os preços variam muito, de acordo com a forma de cultivo e venda; nesta época, de pico de colheita, a variação estimada vai desde R$ 8 o kg do morango colhido em grandes volumes e vendido a granel, a até R$ 15.
A tendência é que os preços continuem caindo. O auge da colheita começa em setembro e vai até novembro, mas as plantas produzem o ano todo. Em épocas de produção menor, como janeiro e fevereiro, o valor do morango no mercado chega a dobrar.
Neste ano, a família Galiotto, que tem 250 mil morangueiros no distrito de Otávio Rocha, em Flores da Cunha, calcula uma produção maior que a de 2016. Em todo o ano passado, foram 60 mil caixas; neste ano, em oito meses, já foram 40 mil, sendo que a produtividade maior é esperada em novembro e dezembro.
Jardel Galiotto conta que cada planta dura de três a quatro anos, quando é substituída, geralmente no meio do ano. A produtividade das plantas de anos anteriores está maior.
"As mudas novas, deste ano, começam a produzir daqui a uns 15 dias; agora, as plantas velhas, que não foram trocadas, estão produzindo bastante", observa.
O agricultor Marcio Visentin, que também tem produção de morangos no distrito de Otávio Rocha, informa uma produção maior desde a metade de agosto.
"Da metade do mês passado em diante produziu bem mais. Por causa também que não deu tanto frio e, com o calor, sempre produz mais o morango. Se não chover muito e não ficar o tempo muito nublado, sempre produz mais".
Visentin afirma que o preço fica entre R$ 3 e R$ 4 a caixa com quatro bandejas nesta época de alta produção, enquanto que nos períodos de produção menor o preço pode até passar de R$ 10.
Ambos os produtores rurais cultivam o morango em ambiente protegido. Diferente da estufa, o ambiente protegido tem somente o telhado, que faz o papel de guarda-chuva. Os morangos são produzidos em substrato, geralmente de casca de arroz, sobre bancadas. A função do substrato é armazenar nutrientes que são fornecidos e dar suporte às raízes das plantas.
Conforme Ênio Todeschini, esse modo de produção veio para ficar. Ele começou há 20 anos, mas foi impulsionado há cerca de dez, a partir de uma nova técnica de adubamento. Entre as vantagens, está a ergonomia, que permite o trabalho em pé, diminuindo problemas de saúde dos agricultores e aumentando a produtividade do trabalhador. Outro ponto é que o cultivo deixa de estar sujeito à erosão causada pela chuva, e as plantas, como estão acima do chão, ficam menos expostas a doenças.
Entre os municípios com mais produção de morangos na Serra estão Flores da Cunha, Caxias do Sul, Vacaria, Nova Petrópolis, Gramado, Nova Bassano e Nova Araçá. A maior parte do morango é vendido in natura, mas também há venda para fabricação de iogurtes, doces, tortas e sorvetes.