Nivaldo Pereira
Assim que vi a cena, dei-lhe um nome, como a um filme inteiro: A Esperança Equilibrista. Mas a minha associação, fruto da fina metáfora da letra de Aldir Blanc, era mais literal ali, no show de um artista de rua em cima de um frágil tamborete num cruzamento urbano de Caxias do Sul. Diante dos carros parados pelo semáforo, ele fazia malabarismos com três bastões em chamas. Findo o número, descia do diminuto palco, apagava o fogo no asfalto e ia de chapéu em punho, em busca de moedas que não vieram de nenhum dos condutores. E chovia e chovia, por isso pude ver a mesma cena se repetir várias vezes de meu oportuno abrigo sob uma marquise.
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